segunda-feira, 18 de junho de 2012

   - Tenho mesmo de ir... - disse ele.
   - Eu sei - disse ela, abraçando as pernas, num gesto do protecção - não te posso obrigar a ficar, não tenho direitos sobre ti.
   Ele pensou em quando desejava que ela lutasse por ele e lhe pedisse para ficar.
   Ela pensou em quanto queria pedir-lhe para ficar, mas sabia que não devia, ele tinha  a sua liberdade e ela tinha de a respeitar, além de que não conseguia pôr o seu orgulho de lado e pedir-lhe, sabendo de que nada adiantaria, que ele a deixaria de qualquer forma... mais valia guardar o pouco que conseguia.
   Entreolharam-se durante um breve segundo. Uma eternidade infinita.
   Se ela ao menos soubesse.
   Se ele ao menos soubesse.
   Mas eram ambos demasiado orgulhosos para falarem, eram ambos demasiado inseguros para arriscar, para lutar, tinham ambos demasiado medo da queda.
  Ele saiu de casa. Ela enterrou a cabeça na camisola de lã.
  Nunca mais, prometeram a si mesmos, nunca mais.